Microsemiótica Irídea - Questões Bioéticas

O momento atual da história é marcado por extraordinárias descobertas científicas, principalmente, no contexto da saúde e da vida. Esta realidade vivida por estas gerações de mudanças no âmbito “viver” transforma-se em verdadeiras lutas travadas com nossas certezas éticas, filosóficas, morais, etc. Este ritmo torna-se cada vez mais acelerado, à medida que pesquisas científicas buscam quebrar certos dogmas que, até então, eram intocáveis, isto faz crescer em nós a inquietude e angústia na busca por segurança de verdade vital.

É verdade que ainda lutamos por coisas básicas em termos de vida saudável em nossas terras. A exclusão e a desigualdade que tanto escravizam e marginalizam milhões de seres humanos hão de ser superadas, pois a descoberta científica deverá estar a serviço de todos e não de uma super elite privilegiada de pessoas. Nessa sociedade, chamada de conhecimento, devido à rapidez das comunicações, muitas coisas se tornam obsoletas do dia para a noite.

Todos os dias somos surpreendidos pelos diversos meios de comunicação, com novidades jamais antes pensadas que envolvem a vida no planeta Terra! Que nunca deveria mudar, e sim, permanecer! Nem mesmo alterar a função de nossa saúde!

A bioética torna-se importantíssima, onde as principais questões iniciadas no século XXI que a humanidade terá que enfrentar, seja no âmbito de cuidados com a saúde (tratamentos, pesquisas, etc.), ou em termos de opções em relação à constituição de nossa família (planejamento familiar) ou até mesmo, no âmbito profissional.

O oncologista norte-americano Van Rensselaer Potter, considerado “pai” da bioética, foi quem cunhou o neologismo bioethics (bioética) e definiu-a como sendo a “ciência da sobrevivência humana”. Segundo Van Rensselaer Potter, apud Pessini (2006, p.20) “Esta nova ciência, a bioética, combina o trabalho dos humanistas e cientistas, cujos objetivos são sabedoria e conhecimento”.

A sabedoria é definida como “a melhor maneira de usar o conhecimento para o bem social”. A busca da sabedoria tem uma nova orientação, pois a sobrevivência do ser humano está em jogo. Ainda segundo o autor, os valores éticos devem ser testados em termos de futuro e não podem ser divorciados de fatos biológicos. “Ações que diminuem as chances de sobrevivência humana são imorais e devem ser julgadas em termos do conhecimento disponível e no monitoramento de parâmetros de sobrevivência que são acolhidos pelos cientistas”.

Este artigo pretende discutir a pertinência de uma ética natural complexa para o campo da saúde, em particular da Saúde Complementar (Microsemiótica Irídea), participando de uma saúde Integrativa, escapando das principais disjunções herdadas da tradição moderna, tais como: sujeito/objeto, público/privado, valor em si/valor por si.

Considera-se, portanto, as contribuições trazidas pela epistemologia da complexidade que, ao conceber a constelação conceitual do vínculo e da possibilidade - que se delineia entre 'primeira natureza' (bioecológica) e 'segunda natureza' (sociocultural) nos humanos, permite o diálogo entre os dois princípios fundamentais que norteiam os debates em bioética: o Princípio da Sacralidade da Vida e o Princípio da Qualidade da Vida.

A ética natural considera tais princípios como sendo conecessários para uma ética do nosso tempo, dividido entre o inevitável politeísmo de valores e normas decorrente da secularização do mundo - caracterizado pela tolerância e o pluralismo - e os necessários fundamentos para este tipo de 'sociedade aberta', que não podem se reduzir ao mero ceticismo epistemológico do vale tudo (anything goes) nem ao ceticismo moral corrosivo da lei do mais forte e do seu corolário da ética do salve-se quem puder (lifeboat ethics).

REFERÊNCIA: A terceira margem da saúde: A ética natural. Fermin Roland Scharamm

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